Regência Verbal para Concursos


Informações importantes:

1. A ideia deste material é apresentar as regências dos verbos mais usuais segundo a norma-padrão contida nas gramáticas normativas e nos tradicionais dicionários de regência verbal.

2. Mais do que isso, este aplicativo foi criado para ajudar as pessoas que prestam concursos públicos e sabem que, quase sempre, caem os mesmos verbos nas questões de regência verbal das provas de português. É claro que quem não faz provas também vai se beneficiar deste aplicativo, pois certos verbos costumam gerar dificuldade na escrita culta do dia a dia.

3. Portanto, este material não é um substituto de gramáticas normativas e dicionários de regência verbal, mas certamente será uma mão na roda quando você precisar tirar uma dúvida pontual.

Aproveite os exercícios ao fim! :)


Lista dos verbos

Aconselhar

Advertir

Agradar

Agradecer

Ajudar

Alertar

Antipatizar

Anunciar

Ansiar

Apelar

Aspirar

Assistir

Atender

Avisar

Bater

Certificar

Chamar

Chegar

Comunicar

Conferir

Confraternizar

Consentir

Consistir

Constar

Crer

Custar

Dar

Declinar

Deparar

Desculpar

Desfrutar

Desobedecer

Dignar-se

Dizer

Ensinar

Esquecer

Fazer

Fugir

Haver

Impedir

Implicar

Importar

Incumbir

Informar

Influenciar

Ir

Lembrar

Morar

Namorar

Noticiar

Notificar

Obedecer

Pagar

Participar

Partilhar

Pedir

Perceber

Perdoar

Precisar

Pisar

Preceder

Preferir

Presidir

Prevenir

Proceder

Proibir

Proliferar

Querer

Renunciar

Responder

Satisfazer

Sentar

Servir

Simpatizar

Sobressair

Suceder

Torcer

Valer

Visar

 

----------------------------------------------------------------------------------------

 

Abdicar

É usado indiferentemente como transitivo direto (exige complemento sem preposição) ou como transitivo indireto (exige complemento com a preposição de), logo as duas frases a seguir estão corretas:

- Um cidadão não deveria abdicar os seus direitos.

- Um cidadão não deveria abdicar dos seus direitos.

 

Aconselhar

É normalmente usado como transitivo direto e indireto (exige um complemento sem preposição e um com a preposição a). Pode ter duas regências: no primeiro caso, aconselha-se alguém a fazer alguma coisa; no segundo caso, aconselha-se algo a alguém.

- Aconselhamos o rapaz a estudar mais Português.

- Aconselhamos o estudo do Português ao rapaz.

 

Advertir

É normalmente usado como transitivo direto e indireto (exige um complemento sem preposição e um com a preposição de ou a). Pode ter duas regências: no primeiro caso, adverte-se alguém de alguma coisa; no segundo caso, adverte-se algo a alguém.

- Advertimos os rapazes do perigo.

- Advertimos aos rapazes que tomassem cuidado com o perigo.

Na segunda frase, o complemento direto (= objeto direto) vem em forma de oração.

 

Agradar

Quando é usado com o sentido de fazer carinho, o verbo é tradicionalmente transitivo direto e exige um complemento sem preposição:

- O pai agradou seu filho, porque ele chorava.

Quando é usado com o sentido de satisfazer, alegrar, o verbo é tradicionalmente transitivo indireto e exige um complemento com a preposição a:

- Essa novela costuma agradar ao telespectador?

 

Agradecer

Quando o complemento é “coisa”, o verbo é transitivo direto e exige um complemento sem preposição:

- Agradeceram o auxílio divino.

Quando o complemento é “pessoa”, o verbo é tradicionalmente transitivo indireto e exige um complemento com a preposição a; nesse caso, pode vir acompanhado ou não de adjunto adverbial de causa:

- Sempre agradecem a Jesus pelo alimento diário.

Pode ser transitivo direto e indireto, exigindo um complemento sem preposição (“coisa”) e um com a preposição a (“pessoa”):

- Agradeceram a todos os membros a grande ajuda.

 

Ajudar

É normalmente usado como transitivo direto e indireto, exigindo um complemento sem preposição e um com a preposição a:

- Quero ajudar o aluno a se classificar.

Obs.: O certo é Ajudá-lo a se classificar e não Ajudar-lhe a se classificar, pois o lhe nunca exerce função de objeto direto.

 

Alertar

É normalmente usado como transitivo direto e indireto, exigindo um complemento sem preposição e um com a preposição de, contra, sobre:

- O presidente alertou a população da diminuição dos impostos.

- Alertaram-nos sobre/contra o iminente perigo.

 

Antipatizar

Primeiro de tudo, tal verbo não é pronominal, ou seja, não existe o verbo “antipatizar-se”, segundo a norma-padrão tradicional, logo está errada a frase a seguir: Eles se antipatizaram comigo.

Tal verbo é transitivo indireto e exige um complemento iniciado pela preposição com:

- Em velórios, muitos orientais antipatizam com a cor preta.

 

Anunciar

Como é normalmente usado com o sentido de comunicar, noticiar, tal verbo é transitivo direto e indireto, exigindo um complemento sem preposição (“coisa”) e um complemento com a preposição a (“pessoa”), ou seja, anuncia-se algo a alguém.

- Os jornais anunciaram o antídoto contra o câncer a todos os leitores.

 

Apelar

Com o sentido de interpor recurso judicial à instância superior, recorrer, o verbo é transitivo indireto e exige normalmente um complemento com a preposição de ou para. Nesse caso, o verbo “apelar” pode exigir dois objetos indiretos, um iniciado pela preposição de e outro pela preposição para.

- Apenas aquele promotor apelou da decisão?

- Apenas aquele promotor apelou para o Supremo?

- Apenas aquele promotor apelou da decisão para o Supremo?

Obs.: Sim, existem alguns verbos (pouquíssimos) que exigem dois objetos indiretos na mesma frase. Veja mais um exemplo: Ele se queixou da decisão ao Supremo.


Com o sentido de pedir socorro/ajuda, é transitivo indireto e exige um complemento com a preposição para:

- Toda mulher devota já apelou para algum santo.

 

Aspirar

Com o sentido de inspirar, sugar, é transitivo direto e exige um complemento sem preposição:

- Era muito bom aspirar o aroma da comida da mamãe.

Com o sentido de almejar, pretender alcançar, é tradicionalmente transitivo indireto e exige um complemento com a preposição a:

- Por que você fica aspirando a ideais utópicos?

Obs.: O pronome oblíquo átono “lhe” nunca é usado como complemento desse verbo. Devemos usar o pronome oblíquo tônico: Por que você fica aspirando a eles?

 

Assistir

Com o sentido de morar, residir, habitar, é normalmente considerado intransitivo e vem seguido de um adjunto adverbial de lugar.

- Assisto em Irajá há 30 anos.

Obs.: Para o excelente dicionário de regência verbal do gramático Celso Pedro Luft, em Irajá é um objeto indireto e, consequentemente, o verbo assistir (nessa acepção) é transitivo indireto.


Com o sentido de ajudar, auxiliar, apoiar, prestar assistência, é indiferentemente um verbo transitivo direto (mais usual) ou um verbo transitivo indireto (neste caso, o complemento é iniciado pela preposição a):

- O médico estava assistindo o paciente há anos.

- O médico estava assistindo ao paciente há anos.

Obs.: Nessa acepção, o pronome oblíquo átono lhe pode ser usado como complemento: O médico estava assistindo-lhe há anos.


Com o sentido de ver, presenciar, observar, é tradicionalmente verbo transitivo indireto e exige complemento com a preposição a:

- Depois que eu assistir ao filme, dou a minha opinião.

Obs.: Nessa acepção, o pronome oblíquo átono lhe nunca é usado como complemento. Devemos, portanto, usar o pronome oblíquo tônico: Depois que eu assistir a ele, dou a minha opinião.


Com o sentido de ser da competência de, caber, competir, é verbo transitivo indireto e exige complemento com a preposição a:

- Não lhe assiste tomar as decisões da empresa. (Ou seja, tomar as decisões da empresa não assiste/cabe/compete a você.)

 

Atender

É usado indiferentemente como transitivo indireto (exigindo um complemento com a preposição a) ou transitivo direto (exigindo um complemento sem preposição):

- O diretor atendeu aos interessados. (ou ... atendeu os interessados)

- A proposta atende às condições do mercado. (ou ... atende as condições do mercado)

- Vou atender ao telefone (ou ... atender o telefone).

Obs.: Segundo a tradição gramatical, só se podem usar os pronomes pessoais o, a, os, as em referência a “pessoa”, e nunca lhe ou lhes: O diretor atendeu aos interessados > O diretor atendeu-lhes (errado) > O diretor atendeu-os (certo).

 

Avisar

 

É normalmente usado como transitivo direto e indireto (exige um complemento sem preposição e um com a preposição de/sobre/contra/para ou a). Pode ter duas regências: no primeiro caso, avisa-se alguém de/sobre/contra alguma coisa; no segundo caso, avisa-se algo a alguém.

- Avisaram os usuários da internet da manutenção temporária.

- O guia avisou-nos contra/sobre a exposição ao sol.

- A comissária de bordo avisou os passageiros para que pusessem os cintos.

- Todo professor de português deve avisar aos alunos que estudem regência.

Na última frase, observe que o objeto direto está em forma de oração.

 

Bater

Sobre tal verbo, é curioso saber a regência e o sentido nas frases a seguir:

- Meu namorado bateu a porta do amor e nunca mais voltou.

- Meu namorado bateu à/na porta do amor e nunca mais saiu.

No primeiro caso, o sentido é “fechar” e o verbo é transitivo direto (exige um complemento sem preposição). No segundo caso, o sentido é “pedir licença para entrar” e o verbo é transitivo indireto (exige um complemento com a preposição a ou em). Com a preposição em, também se pode interpretar que a porta recebe porradas, como se fosse um saco de pancadas: Ele batia na porta com raiva.

 

Certificar

É normalmente usado como transitivo direto e indireto (exige um complemento sem preposição e um com a preposição de ou a). Pode ter duas regências: no primeiro caso, certifica-se alguém de alguma coisa; no segundo caso, certifica-se algo a alguém.

- Certifiquei-o do problema. (Ou seja, certifiquei o homem do problema.)

- Certifiquei-lhe o problema. (Ou seja, certifiquei o problema ao homem.)

 

Chamar

Com o sentido de convocar, convidar, é verbo transitivo direto e exige complemento sem preposição:

- O promotor de eventos chamou várias celebridades.

Com o sentido de invocar auxílio ou proteção, normalmente apelando, é  verbo transitivo indireto e exige complemento com a preposição por:

- Chamaram até por Zeus, mas nada ocorreu.

Com o sentido de classificar, qualificar, nomear, denominar, é indiferentemente verbo transitivo direto (exige complemento sem preposição) ou verbo transitivo indireto (exige complemento com a preposição a):

- Chamávamos o mestre (de) poeta.

- Chamávamos ao mestre (de) poeta.

Obs.: A preposição de é facultativa em de poeta, que é um predicativo do objeto. O verbo, nesse caso, é chamado de transobjetivo — é aquele que exige um objeto direto (ou indireto) e um predicativo do objeto direto (ou indireto).

 

Chegar

 

Tal verbo é tradicionalmente visto como intransitivo, ou seja, um verbo que não exige complemento (ele vem acompanhado de adjunto adverbial de lugar, iniciado sempre pela preposição a, nunca pela preposição em):

- Chegaremos ao patamar mais elevado da tabela daqui a poucos jogos.

Obs.: O excelente dicionário de regência do gramático Celso Pedro Luft explica que esse verbo é transitivo indireto e que o termo sublinhado acima é um objeto indireto iniciado pela preposição a.

 

Comunicar

É normalmente usado como um verbo transitivo direto e indireto, que exige um complemento sem preposição e um complemento com a preposição a. Nas palavras do competente gramático Domingos P. Cegalla, “os fatos é que podem ser comunicados e não as pessoas”, logo a regência correta é: comunica-se algo a alguém, e não comunica-se alguém de alguma coisa.

- Comunicamos o ocorrido aos participantes do programa.

 

Conferir

Com o sentido de examinar, é verbo transitivo direto e exige um complemento sem preposição:

- Será que eles conferiram a minha prova?

Com o sentido de imprimir certa característica, é verbo transitivo direto e indireto e exige um complemento sem preposição e um com a preposição a:

- Alguns padres não costumam conferir um caráter solene à homilia.

Com o sentido de estar de acordo, o verbo pode ser intransitivo (não exige complemento) ou transitivo indireto (exige complemento com preposição com):

- A investigação confere.

- O depoimento do político não confere com as gravações de suborno.

 

Confraternizar

Vale dizer que tal verbo não é pronominal, logo não está correta a frase: Os jogadores se confraternizaram após a vitória. Tal verbo é normalmente intransitivo (não exige complemento) ou transitivo indireto (exige complemento com a preposição com):

- Não se pode mais confraternizar em paz...

- Os jogadores confraternizaram com a comissão técnica após a vitória.

 

Consentir

É normalmente usado indiferentemente como verbo transitivo direto (exige complemento sem preposição) ou verbo transitivo indireto (exige complemento com a preposição em):

- Não podemos consentir seu erro.

- Não podemos consentir em seu erro.

 

Consistir

Tal verbo é transitivo indireto e exige um complemento com a preposição em:

- A peça consiste em três atos.

Não é recomendada a regência consistir de.

 

Constar

Com o sentido de “ser constituído de”, o verbo é transitivo indireto e exige complemento com a preposição de:

- A antologia consta de doze textos.

Com o sentido de “estar escrito, registrado, mencionado ou fazer parte de, estar incluso em”, o verbo é transitivo indireto e exige um complemento com a preposição de ou em:

- Tais vocábulos constam do/no dicionário Aulete.

Com o sentido de “ter conhecimento de”, o verbo é transitivo indireto e exige complemento com a preposição a (o sujeito do verbo é normalmente uma oração, como no caso abaixo: que haverá partilha de bens):

- Não consta a ele que haverá partilha de bens?

 

Crer

Tal verbo é transitivo indireto (exige um complemento com a preposição em) quando seu complemento é um termo (e não uma oração). Entretanto, é transitivo direto (exige um complemento sem preposição) quando seu complemento é uma oração:

- Cremos em Deus aqui.

- Cremos que Deus está presente em nossas vidas.

 

Custar

Quando indica preço/valor, alguns gramáticos entendem que é verbo intransitivo (não exige complemento) seguido de adjunto adverbial de preço, e outros entendem que é verbo transitivo direto seguido de objeto direto: 

- O imóvel de frente para o mar custou dois milhões de reais.

Com o sentido de causar, provocar, acarretar, resultar, é verbo transitivo direto e indireto, exigindo um complemento sem preposição e um com a preposição a:

- A soberba custou-lhe a derrota. (Ou seja, custou a derrota a ele.)

Com o sentido de ser custoso, difícil, é um verbo transitivo indireto e exige um complemento com a preposição a:

- Eles custaram a aprender Regência. (construção coloquial)

- Custou-lhes (a) aprender Regência. (construção culta)

Obs.: Lê-se a última frase assim: Aprender Regência (sujeito) custou (foi custoso, difícil) a eles (objeto indireto). Ainda sobre a última frase: a preposição a antes do infinitivo é expletiva, não alterando a análise sintática da oração.

 

Dar

Com o sentido de tornar-se, é um verbo de ligação, ou seja, liga o sujeito ao predicativo do sujeito:

- Meus filhos deram pessoas de bom caráter.

Com o sentido de bastar, ser suficiente, é verbo intransitivo (não exige complemento):

- Essa quantia que você trouxe não .

Com o sentido de bater, topar, é verbo transitivo indireto e exige um complemento com a preposição com:

- Dei com o cotovelo na ponta do armário.

Com o sentido de entregar, emitir, informar, ceder, aplicar, é um verbo transitivo direto e indireto, exigindo um complemento sem preposição e um com a preposição a, para ou em, a depender do contexto:

- Minha mãe deu à luz um filho lindo: eu.

- Só deram bons conselhos para ele.

- O lutador deu nele socos fortíssimos.

Obs.: Sobre as expressões dar-se o trabalho e dar-se ao trabalho (e outras semelhantes), analisa-se assim, respectivamente: dar-se (pronome reflexivo com função sintática de objeto indireto) o trabalho (objeto direto) / dar-se (pronome reflexivo com função sintática de objeto direto) ao trabalho (objeto indireto).

 

Declinar

Com o sentido de recusar, é usado indiferentemente como verbo transitivo direto (exige complemento sem preposição) ou verbo transitivo indireto (exige complemento com a preposição de):

- Por que você declinou o meu convite?

- Por que você declinou do meu convite?

 

Desculpar

É normalmente usado como verbo transitivo direto e indireto: desculpar alguém de alguma coisa ou desculpar algo a alguém (normalmente neste caso, usa-se o “lhe” como objeto indireto).

- Pedimos que a desculpasse do atraso.

- Pedimos que lhe desculpasse o atraso

Obs.: No sentido de justificar-se, rege a preposição “com”: Não se desculpe com esses argumentos fracos, pois de nada valem.

 

Desfrutar

Tal verbo é visto tradicionalmente como transitivo direto (exige complemento sem preposição), mas Celso Pedro Luft diz que a variante regencial “usufruir de...”, não faz mais que seguir o modelo da base verbal fruir: fruir as utilidades, fruir dos bens. A alternância de regência não implica alteração do sentido do verbo, logo não se pode dizer que há erro em tomar tal verbo como transitivo indireto (exigindo complemento com a preposição de):

- É preciso desfrutar a vida, antes que ela acabe.

- É preciso desfrutar da vida, antes que ela acabe.

 

Desobedecer

Tal verbo é transitivo indireto e exige um complemento iniciado pela preposição a:

- Pare de desobedecer ao patrão, senão poderá perder o emprego.

 

Dignar-se

É um verbo transitivo indireto e exige complemento com a preposição de:

- Sua Excelência não se dignou de ouvir-nos.

Vale dizer que a preposição pode ficar implícita antes do verbo no infinitivo:

- Sua Excelência não se dignou ouvir-nos.

 

Dizer

É normalmente usado como verbo transitivo direto e indireto, exigindo um complemento sem preposição e um com a preposição a ou para:

- Já dissemos a/para os membros que a recompensa deles está bem guardada.

Observe que o objeto direto da frase acima vem em forma de oração.

Obs.: Segundo a tradição gramatical, a construção sintática Disseram para ele ficar aqui (ou Disseram para que ele ficasse aqui) está equivocada, devendo ser redigida assim: Disseram que ele ficasse aqui. Veja o verbete “pedir”.

 

Ensinar

É normalmente usado como verbo transitivo direto e indireto assim: ensinar algo a alguém ou ensinar alguém a (fazer) algo.

- “A Gramática para Concursos Públicos” ensina tudo a você.

- “A Gramática para Concursos Públicos” ensina você a entender tudo.

 

Esquecer

É um verbo transitivo direto (exige um complemento sem preposição), quando não vem acompanhado da parte integrante “se”:

- Você acredita que consegui esquecer toda a explicação?

É um verbo transitivo indireto (exige um complemento com a preposição de), quando vem acompanhado da parte integrante “se”:

- Você acredita que ele se esqueceu de toda a explicação? 

Obs.: Alguns gramáticos consagrados consideram que, quando o complemento for uma oração subordinada substantiva objetiva indireta, a preposição pode ficar implícita: Ele se esqueceu (de) que tinha prova hoje.


No caso abaixo, toda a explicação (o sujeito da frase) é a coisa esquecida. O verbo é transitivo indireto regendo a preposição a (me = a mim). O me é o objeto indireto. Ou seja, a frase é entendida assim: Toda a explicação caiu no meu esquecimento. Tal construção sintática é encontrada muito raramente hoje em dia no Brasil!
 

- Esqueceu-me toda a explicação.

 

Fazer

Sobre tal verbo, é curioso mencionar duas construções igualmente corretas:

- Vou fazer com que o show comece.

- Vou fazer que o show comece.

Em ambas as frases, o verbo é transitivo direto. A preposição com na primeira frase é expletiva, ou seja, pode ser retirada sem prejuízo algum da frase. Logo, dizemos que com que o show comece é um objeto direto preposicionado e que o show comece é um simples objeto direto.

 

Focar

Nenhum gramático normativo tradicional ou dicionário de regência verbal registrou a regência deste verbo, pois ele é muito novo no uso (falado e escrito) dos usuários cultos ou não da língua portuguesa.

No entanto, em pesquisa ao corpusdoportugues.org (que reúne textos jornalísticos de 2012 a 2019), pude constatar que a regência desse verbo é muito maior como transitivo indireto (focar em alguma coisa, cerca de 80%) do que como transitivo direto (focar alguma coisa, à semelhança do seu sinônimo “focalizar”, que é usado como transitivo direto).

Talvez o que justifique a escolha como transitivo indireto seja a semelhança metafórica com o verbo “mirar”, cuja regência é dupla: mirar X ou mirar em X. Outra hipótese é a sinonímia com “concentrar-se”, que exige a preposição em.

Desse modo, já que o uso determina a norma, evidencia-se que a regência de “focar” é dupla: Você precisa focar nos estudos ou Você precisa focar os estudos.

 

Fugir

Com o sentido de distanciar-se, evitar, é verbo transitivo indireto e exige complemento com a preposição a ou de (usa-se “a”, preferencialmente):

- O palestrante fugiu do/ao tema.

Com o sentido de escapar, é verbo transitivo indireto e exige a preposição de:

- O ator fugiu dos fotógrafos como o Diabo foge da cruz.

- O hino lhe fugia quando tinha de cantá-lo em público. (Pode-se usar o lhe no lugar de dele.)

 

Haver

Com o sentido de comportar-se, proceder, é um verbo intransitivo (não exige complemento) e pronominal (vem acompanhado da parte integrante “se”):

- Os seus alunos sempre se houvem bem em sala de aula?

Com o sentido de existir, ocorrer, fazer (indicando tempo decorrido), é verbo transitivo direto (exige complemento sem preposição) e impessoal (não tem sujeito, ficando sempre na 3ª pessoa do singular):

- Não duas pessoas que façam isso no mundo.

- Vai haver um tumulto em breve.

- Não estudava havia meses.

Com o sentido de ter, considerar, também é verbo transitivo direto (exige complemento sem preposição):

- Deus, haja paciência com elas!

- Haviam-no por sábio.

Obs.: Na última frase, o verbo haver é transobjetivo, ou seja, exige um objeto direto e um predicativo do objeto, normalmente iniciado pela preposição essencial “por” ou acidental “como” (“Haviam-no como sábio”). Logo, “por sábio” é um predicativo do objeto.


Com o sentido de avir-se, prestar contas, tratar, é verbo transitivo indireto (exige complemento iniciado pela preposição com) e pronominal (vem acompanhado da parte integrante “se”):

- Certamente eles se haverão com a justiça!

Com o sentido de obter, é verbo transitivo direto e indireto, exigindo um complemento sem preposição e um com a preposição de:

- Os índios houveram de quem essas terras?

 

Impedir

É normalmente usado como transitivo direto e indireto, exigindo um complemento sem preposição e um com a preposição a ou de). Pode ter duas regências: impede-se alguém de algo ou impede-se algo a alguém (menos comum).

- Impediram o candidato de fazer a prova.

- Impediram a realização da prova ao candidato.

 

Implicar

Com o sentido de zombar, troçar, provocar rixa, amolar, hostilizar, é verbo transitivo indireto e exige um complemento iniciado pela preposição com:

- Todo aluno costuma implicar com o professor.

Com o sentido de envolver (alguém ou a si mesmo), comprometer, o verbo é transitivo direto e indireto, exigindo um complemento sem preposição e um com a preposição em:

- Os governantes de esquerda implicaram os de direita na discussão.

Com o sentido de acarretar, produzir como consequência, é verbo transitivo direto (exige complemento sem preposição):

- Toda ação implica uma reação.

Obs.: No entanto, por analogia com três verbos de significação semelhante, mas de regência indireta (resultar em, redundar em, importar em), o verbo implicar passou a ser usado com a preposição em. Por isso, o excelente gramático Celso P. Luft registra assim: “TI: implicar em algo”, com a observação de que essa regência indireta é um brasileirismo já consagrado e “admitido até pela gramática normativa”, como se vê na gramática de Rocha Lima.

 

Importar

Com o sentido de trazer para dentro, pode ser verbo intransitivo (não exige complemento) ou verbo transitivo direto (exige complemento sem preposição):

- Ele importa e exporta, por isso está rico.

- Importar eletrônicos ainda é um bom negócio?

Com o sentido de resultar, o verbo pode ser transitivo direto (exige complemento sem preposição), transitivo indireto (exige complemento com a preposição em) ou transitivo direto e indireto (exige um complemento sem preposição e um com a preposição a ou para): 

- Todo novo governo importa mudanças.

- Todo novo governo importa em mudanças.

- As enchentes importaram grande prejuízo ao/para o Estado.

Com o sentido de atingir certo custo, recomenda-se que o verbo seja transitivo indireto (exigindo complemento iniciado pela preposição em):

- A reforma do estádio importou em 1 milhão e meio de dólares.

Com o sentido de desprezar, ignorar, o verbo é transitivo indireto (exige complemento com a preposição com ou de) e pronominal (vem acompanhado da parte integrante “se”):

- A verdade é que não nos importamos com a mata atlântica. (Como o verbo está na 1ª pessoa do plural, o pronome “se” vira “nos” por uma questão de coerência e lógica gramatical.)

Obs.: Quando o objeto indireto é uma oração com verbo no infinitivo, usa-se a preposição “de” antes dele: Não se importa de ser elogiado.


Com o sentido de ser importante, o verbo pode ser intransitivo (não exige complemento) ou transitivo indireto (exige complemento com a preposição a):

- No fim das contas, importa somente que não podemos parar. (Ou seja, a oração “que não podemos parar” tem função de sujeito e equivale a ISSO: Somente isso importa no fim das contas.)

- Não me importa se serei aceito. (Ou seja, ISSO [“se serei aceito”] não importa a mim.)

 

Incumbir

É normalmente verbo transitivo direto e indireto, por isso exige um complemento sem preposição e um complemento com a preposição a ou de. Pode ter duas regências: incumbe-se alguém de alguma coisa ou incumbe-se algo a alguém.

- Tiveram de incumbir o novo funcionário daquela tarefa.

- Tiveram de incumbir aquela tarefa ao novo funcionário.

 

Informar

É normalmente verbo transitivo direto e indireto, por isso exige um complemento sem preposição e um complemento com a preposição a ou de. Pode ter duas regências: informa-se alguém de alguma coisa ou informa-se algo a alguém.

- Eu o informei de tudo.

- Eu informei tudo a ele.

Obs.: Normalmente se pode usar “sobre, acerca de, a respeito de” no lugar da preposição “de”.

 

Influenciar

É indiferentemente um verbo transitivo direto (exige complemento sem preposição) ou transitivo indireto (exige complemento com a preposição em ou sobre):

- Aquelas palavras influenciaram suas futuras decisões.

- Aquelas palavras influenciaram nas suas futuras decisões.

- Aquelas palavras influenciaram sobre suas futuras decisões.

 

Ir

Para alguns gramáticos tradicionais, como Celso Cunha, este verbo é intransitivo (não exige complemento) e vem acompanhado de adjunto adverbial de lugar, normalmente. Para outros, como o gramático Celso Pedro Luft, tal verbo é transitivo indireto (exige complemento com a preposição a ou para):

- Vou ao sítio do meu pai esta semana.

- Vou para a Holanda definitivamente.

Obs.: É coloquial a regência “ir em”: “Vou no shopping e já volto”. Deve ser redigida assim, segundo a norma-padrão: “Vou ao shopping e já volto”. O mesmo vale para o verbo chegar.

 

Lembrar

É um verbo transitivo direto (exige um complemento sem preposição), quando não vem acompanhado da parte integrante “se”:

- Você acredita que consegui lembrar toda a explicação?

É um verbo transitivo indireto (exige um complemento com a preposição de), quando vem acompanhado da parte integrante “se”:

- Você acredita que ele se lembrou de toda a explicação?

Obs.: Alguns gramáticos consagrados consideram que, quando o complemento for uma oração subordinada substantiva objetiva indireta, a preposição pode ficar implícita: Ele se lembrou (de) que tinha prova hoje. 


No caso especial abaixo, toda a explicação (o sujeito da frase) é a coisa lembrada. O verbo é transitivo indireto regendo a preposição a (me = a mim). O me é o objeto indireto. Ou seja, a frase é entendida assim: Toda a explicação me veio à lembrança. Tal construção sintática é praticamente arcaica hoje em dia no Brasil:

- Lembrou-me toda a explicação.

Pode ser verbo transitivo direto e indireto, ou seja, exige um complemento sem preposição e um complemento com a preposição de ou a. Duas regências são possíveis: lembrar alguém de algo ou lembrar algo a alguém.

- O sábio lembrou o discípulo distraído da informação.

- O sábio lembrou a informação ao discípulo distraído.

 

Morar

Tal verbo, assim como seus sinônimos, são transitivos indiretos e exigem um complemento com a preposição em:

- Você mora em que lugar do Rio de Janeiro?

Vale dizer também que alguns gramáticos interpretam tal verbo como intransitivo (não exige complemento) seguido de adjunto adverbial de lugar.

Obs.: A frase “Ele mora à Rua Sete de Setembro” está errada, segundo a norma-padrão.

 

Namorar

É tradicionalmente interpretado como um verbo transitivo direto (exige complemento sem preposição):

- Namoro Sebastiana há dois anos.

Obs.: A gramática tradicional não abona a regência “namorar com”. Na contramão, e por analogia com casar (com) e noivar (com), Celso P. Luft abona o uso deste verbo como VTI (com). A tendência é que essa regência seja considerada igualmente correta em futuras gramáticas normativas e, futuramente, em concursos.

 

Noticiar

Noticia-se algo a alguém, logo é um verbo transitivo direto e indireto (exige um complemento sem preposição e um com a preposição a):

- O telejornal noticiou aos cidadãos que haverá constantes greves.

Observe que o objeto direto está em forma de oração no exemplo acima.

 

Notificar

Este verbo é normalmente usado como transitivo direto e indireto (exige um complemento sem preposição e um com a preposição a ou de). Tem duas regências possíveis: notifica-se algo a alguém ou notifica-se alguém de algo.

- Notificaram tudo aos amigos.

- Notificaram os amigos de tudo.

 

Obedecer

Tal verbo (assim como “desobedecer”) é transitivo indireto e exige um complemento iniciado pela preposição a:

- Meu irmão mais velho, ao qual sempre obedeci, já não está entre nós.

 

Pagar

É verbo transitivo direto (exige complemento sem preposição) quando o complemento é “coisa”. É tradicionalmente verbo transitivo indireto (exige complemento com a preposição a) quando o complemento é “pessoa” (física ou jurídica). Pode ser verbo transitivo direto e indireto quando um complemento é “coisa” (complemento sem preposição) e o outro é “pessoa” (complemento com a preposição a).

- Paguei a dívida.

- Paguei ao banco.

- Paguei a dívida ao banco.

Obs.: Tais regências são idênticas com o verbo perdoar.

 

Partilhar

Com o sentido de repartir ou distribuir, é verbo transitivo direto e indireto (exige um complemento sem preposição e um com preposição a com ou entre):

- Partilhou seu conhecimento com/entre todos.

Com o sentido de simpatizar, tomar parte, é transitivo indireto (exige complemento com a preposição de):

- Vocês partilham das ideias daquele político?

 

Pedir

É normalmente usado como verbo transitivo direto e indireto, exigindo um complemento sem preposição e um com a preposição a ou para:

- Já pedimos a/para os alunos que fiquem quietos.

Observe que o objeto direto da frase acima vem em forma de oração.

 

Obs.: Segundo a tradição gramatical, a construção sintática Pediram para ele ficar aqui (ou Pediram para que ele ficasse aqui) está equivocada, devendo ser redigida assim: Pediram que ele ficasse aqui. O único caso em que a norma culta abona tal preposição é quando se explicita ou se subentende a palavra “licença, permissão, vênia, etc.”: Ela pediu [licença] para que passasse. Mas essa condenação já está em mudança, devido à abundância de casos em que se usa, no registro culto escrito, “para” iniciando objeto direto. A tendência é que essa regência seja considerada igualmente correta em futuras gramáticas normativas e, futuramente, em concursos.

 

Perceber

Tanto com o sentido de “notar” como com o de “receber quantia” (na linguagem jurídica), o verbo é transitivo direto (exige complemento sem preposição):

- Percebeu algo estranho naquela casa.

- Percebia um bom salário do governo.

 

Precisar

Quando indicar precisão, será um verbo transitivo direto (exige complemento sem preposição):

- Enfim precisaram o dia em que viajarei para Portugal.

Quando indicar necessidade, será um verbo transitivo indireto (exige complemento com a preposição de):

- Precisarei de cuidados médicos, por causa da operação.

Obs.: Diante de infinitivo, a preposição costuma ficar implícita: Precisei (de) fazer o trabalho de casa.

 

Pisar

Segundo José Maria da Costa, baseando sua pesquisa em Francisco Fernandes e em Celso P. Luft, eis as formas corretas

I) “Pisar a grama” (correto);

II) “Pisar na grama” (correto);

III) “Pisar sobre a grama” (correto);

IV) “Pisar em cima da grama” (correto);

V) “Pisar por cima da grama” (correto);

VI) “Pisar à grama” (errado).

Em I, o verbo é transitivo direto (exige complemento sem preposição). Em II, III, IV e V, o verbo é normalmente interpretado como intransitivo (não exige complemento) seguido de adjunto adverbial de lugar. Já o excelente gramático Celso Pedro Luft, em seu dicionário de regência, entende que é um verbo transitivo indireto nas frases II, III, IV e V.

Obs.: Em coisas pequenas, é mais usual pisar como transitivo direto, com o sentido de esmagar: Pisei muitas uvas no lagar.

 

Preceder

Tal verbo é usado indiferentemente como transitivo direto (exige complemento sem preposição) ou transitivo indireto (exige complemento com a preposição a):

- Cuidado com o silêncio que precede o esporro.

- Cuidado com o silêncio que precede ao esporro.

 

Preferir

Segundo a norma-padrão, a regência deste verbo NÃO é assim: “Prefiro Matemática do que Português”, “Prefiro mais Matemática do que Português”, “Prefiro muito mais Matemática do que Português”, “Prefiro mais Matemática a Português”, “Prefiro antes Matemática a Português”… Cuidado!

Como o verbo preferir é normalmente transitivo direto e indireto, veja a única regência adequada no registro culto (sobretudo escrito):

- Prefiro Matemática a Português.

Note que o objeto indireto é iniciado pela preposição a. Simples assim!

Obs.: Por causa do paralelismo sintático, não ocorre crase em Prefiro Português a Matemática. Por quê? Simples: se não há determinante (artigo, pronome...) antes do objeto direto, não haverá igualmente antes do objeto indireto (por isso não há crase antes de Matemática). No entanto, se houver determinante antes do objeto direto, haverá crase no objeto indireto: Prefiro o Português à Matemática. Tranquilo?

Já com o verbo querer... constrói-se assim: Antes quero morrer do que ser escravizado. E não: Antes quero morrer a ser escravizado.

 

Presidir

É indiferentemente verbo transitivo direto (exige complemento sem preposição) e verbo transitivo indireto (exige complemento com a preposição a):

- Presidir um país está longe de ser fácil.

- Presidir a um país está longe de ser fácil.

 

Prevenir

A regência culta é prevenir alguém de alguma coisa, ou seja, o verbo é transitivo direto e indireto:

- Meus pais me preveniram de muitos perigos.

Note que o me exerce função de objeto direto.

 

Proceder

Com o sentido de ter fundamento, cabimento, portar-se, comportar-se, originar-se, o verbo é intransitivo (não exige complemento):

- Tudo aquilo que você disse não procede.

- A psicóloga procedia com cautela durante a terapia.

- Meu videogame procede dos EUA.

Obs.: As expressões com cautela e dos EUA são tradicionalmente interpretados como adjuntos adverbiais de modo e lugar, respectivamente. Na terceira frase, existe a possibilidade, segundo o dicionário de regência verbal do Celso P. Luft,  de interpretar dos EUA como objeto indireto, o que nos leva a concluir que proceder (= originar) é transitivo indireto.


Com o sentido de suceder, realizar, executar, iniciar, o verbo é transitivo indireto exige complemento com preposição a):

- O delegado deseja proceder ao interrogatório.

Obs.: O pronome oblíquo átono lhe nunca é usado como complemento deste verbo. Logo, usamos o pronome oblíquo tônico: O delegado deseja proceder a ele (ao interrogatório).

 

Proibir

É normalmente usado como transitivo direto e indireto (exige um complemento sem preposição e um com a preposição a ou de). Tem duas regências possíveis: proibir algo a alguém ou proibir alguém de alguma coisa.

- Proibiram a bebida a certas pessoas.

- Proibiram certas pessoas de beber.

 

Querer

Com o sentido de desejar possuir, o verbo é transitivo direto (exige complemento sem preposição):

- Querer dinheiro implica trabalhar muito.

Com o sentido de estimar, amar, o verbo é tradicionalmente transitivo indireto (exige complemento com a preposição a):

- Ela quer a ele como a um irmão.

Obs.: O dicionário de regência do Celso Pedro Luft não desabona, nesse segundo caso, a regência direta: Ela o quer como a um irmão.

 

Renunciar

Tal verbo é indiferentemente transitivo direto (exige complemento sem preposição) ou transitivo indireto (exige complemento com a preposição a):

- Não havia outra forma senão renunciar o mandato.

- Não havia outra forma senão renunciar ao mandato.

 

Responder

Com o sentido de falar, declarar, é verbo transitivo direto (exige complemento sem preposição):

- Ela nunca responde se está mais velha.

Com o sentido de “dar resposta a”, é verbo transitivo indireto (exige complemento com a preposição a):

- Responda às perguntas sequencialmente.

Com o sentido de dar uma resposta a alguém, é verbo transitivo direto e indireto (exige um complemento sem preposição e um com a preposição a):

- Só respondo alguma coisa à autoridade.

 

Satisfazer

Tal verbo é indiferentemente transitivo direto (exige complemento sem preposição) ou transitivo indireto (exige complemento com a preposição a):

- Já satisfez os seus desejos?

- Já satisfez aos seus desejos?

 

Sentar

Afinal, é sentar à mesa ou sentar na mesa?

Bem, sentar à mesa é sentar diante da mesa. Já sentar na mesa significa sentar sobre a mesa. Logo, ambas as frases são corretas. Detalhe: pode-se usar “sentar” ou “sentar-se”, indiferentemente.

Em ambos os casos, o verbo pode ser considerado intransitivo seguido de adjunto adverbial de lugar ou transitivo indireto seguido de objeto indireto, pois há divergência entre os gramáticos.

 

Servir

Conforme o dicionário Houaiss ou o Aurélio, servir (= “trabalhar como servo”, “fazer de criado”, “prestar serviços ou trabalhar como empregado”) pode ser intransitivo (não exige complemento e vem ou não seguido de adjunto adverbial), transitivo direto (exige complemento sem preposição) ou transitivo indireto (exige complemento com a preposição a):

- O garçom estava ali para servir.

- O rapaz serve no Exército Brasileiro.

- A mulher servia a Pátria há anos.

- A mulher servia à Pátria com carinho.

Com o sentido de levar, ministrando algo a alguém, o verbo é transitivo direto e indireto (exige um complemento sem preposição e um com a preposição a):

- O sommelier serviu um vinho delicioso ao cliente.

Com o sentido de não ser útil, não prestar, é verbo transitivo indireto (exige complemento com preposição a ou para):

- Estes livros já não servem aos/para os alunos.

 

Simpatizar

Primeiro de tudo, tal verbo não é pronominal, ou seja, não existe o verbo “simpatizar-se”, logo está errada a frase a seguir: Eles se simpatizaram comigo.

Tal verbo é transitivo indireto e exige um complemento iniciado pela preposição com:

- Não simpatizo com aquele partido político.

 

Suceder

Com o sentido de acontecer, é verbo intransitivo (não exige complemento — normalmente o sujeito vem em forma de oração):

- Sucede que sem estudo vocês não terão senso crítico apurado.

Com o sentido de substituir, é verbo transitivo indireto (exige complemento com a preposição a):

- Quando um rei sucede ao outro, tudo pode acontecer.

Obs.: Segundo Francisco Fernandes, no último caso, o verbo pode ser transitivo direto: sucede o outro. Celso P. Luft também registra essa possibilidade. Logo, apesar da divergência entre alguns gramáticos, esse verbo já vem se impondo como transitivo direto. Fique de olho!

 

Torcer

Com o sentido de distorcer, entortar, é verbo transitivo direto (exige complemento sem preposição):

- Você não tem o direito de torcer aquilo que eu disse!

- O vento torceu o galho da árvore.

Com o sentido de simpatizar com time ou clube, desejar sucesso, é verbo transitivo indireto (exige complemento com a preposição por ou para):

- Só torcemos pelo/para o Flamengo aqui, em casa.


Valer

Qual é o certo, valer a pena ou valer à pena?

Só a primeira construção está certa, pois o verbo é transitivo direto, logo não exige a preposição “a”. “Valer a pena” significa “valer o sacrifício”. Vale a pena estudar muito = Estudar muito vale o sacrifício.

 

Visar

Com o sentido de mirar, fitar, apontar ou pôr visto em, o verbo é transitivo direto (exige complemento sem preposição):

- O policial visou a cabeça do bandido.

- Visaram nosso passaporte com muita agilidade.

Com o sentido de almejar, pretender, objetivar, ter como fim, o verbo é transitivo indireto (exige complemento com a preposição a):

- Os projetos visam a uma mudança social drástica.

Obs.: Não são poucos os consagrados gramáticos que ensinam ser possível e correta a regência direta no segundo caso: Os projetos visam uma mudança social drástica. Antes de verbo no infinitivo, é correta e comum a omissão da preposição a: Os projetos visam (a) prejudicar a sociedade. O pronome oblíquo átono “lhe” nunca é usado como complemento deste verbo, nessa última acepção. Fique de olho!

 

Exercícios


1. Considere as frases abaixo.

I. Manuel aspira ......... cargo de gerente na empresa.

II.   Quem quiser assistir ......... filme, deve permanecer em silêncio.

III.  Certamente, essa decisão implicará ......... dissolução do grupo.

IV.  Ao chegar .......... casa, verificarei se os documentos estão em ordem alfabética.

Em relação à regência verbal, a sequência que preenche corretamente as lacunas é:

a) o – ao – na – em;

b) o – o – a – a;

c) ao – o – na – em;

d) ao – ao – a – a;

e) ao – ao – na – em.

 

2. Em qual das sentenças abaixo, a regência verbal está em DESACORDO com a norma-padrão?

a) Esqueci-me dos livros hoje.

b) Sempre devemos aspirar a coisas boas.

c) Sinto que o livro não agradou aos alunos.

d) Ele lembrou os filhos dos anos de tristeza.

e) Fomos no cinema ontem assistir o filme.

 

3. Substituindo o verbo destacado por outro, a frase, quanto à regência verbal, torna-se INCORRETA em:

a) O líder da equipe, finalmente, viu a apresentação do projeto. / O líder da equipe, finalmente, assistiu à apresentação do projeto.

b) Mesmo não concordando, ele acatou as ordens do seu superior. / Mesmo não concordando, ele obedeceu às ordens do seu superior.

c) Gostava de recordar os fatos de sua infância. / Gostava de lembrar dos fatos de sua infância.

d) O candidato desejava uma melhor colocação no ranking. / O candidato aspirava a uma melhor colocação no ranking.

e) Naquele momento, o empresário trocou a família pela carreira. / Naquele momento, o empresário preferiu a carreira à família.

 

4. Em “Kant inicia a exposição da ética, que ele chama metafísica dos costumes”, o trecho em itálico, que exerce, na oração, a função de complemento verbal, deveria estar precedido da preposição de.

(    ) CERTO                     (    ) ERRADO

 

5. “(...) A história das teorias consiste, em grande parte, na reelaboração e em novas formas de usos de conceitos. (...)”

O emprego da preposição em antes de “reelaboração” e “novas formas” deve-se à relação de regência do verbo consistir, do qual esses termos são, no texto, complementos.

(    ) CERTO                     (    ) ERRADO

 

6. A frase cuja regência do verbo respeita a norma-padrão é:

a) Esquecemo-nos daquelas regras gramaticais.

b) Os professores avisaram aos alunos da prova.

c) Deve-se obedecer o português padrão.

d) Assistimos uma aula brilhante.

e) Todos aspiram o término do curso.

 

7. “É forçoso reconhecer que razão assiste ao magistrado”.

A frase acima exemplifica um uso mais formal da língua, escolhido pelo autor deste texto, que foi originalmente publicado em uma seção voltada para questões de Direito e Justiça de um jornal.

No contexto da frase, o significado do verbo “assistir” é:

a) comparecer;

b) acompanhar;

c) faltar;

d) caber;

e) permanecer.

 

8. Na Língua Portuguesa, é primordial o conhecimento da sintaxe de regência, isto é, a relação sintática de dependência que se estabelece entre nomes e verbos e seu complemento, com a presença ou não de preposição. Essa preposição pode estar associada ao pronome relativo. Assim, assinale o(s) item(ns) que contempla(m) duas versões da mesma frase consideradas corretas:

I. Prefiro ser um bom advogado a um mau juiz. / Prefiro ser um bom advogado do que um mal Juiz.

II.   Os livros já foram, um dia, objeto sagrado onde o acesso era permitido a poucos. / Os livros já foram, um dia, objeto sagrado cujo acesso era permitido a poucos.

III.  Haverá recursos do Estado para a associação de cuja parte nós fazemos. / A associação de que fazemos parte receberá recursos do Estado.

IV.  Causou polêmica a medida provisória que autoriza o plantio de soja transgênica no país. / Causou polêmica a medida provisória a qual autoriza o plantio de soja transgênica no país.

V. O dinheiro que o político dispõe para a campanha política é bem mais que ele receberá em salário. / O dinheiro de que o político dispõe para a campanha política é bem mais do que ele receberá em salário.

a) Apenas as assertivas III e IV estão corretas.

b) Apenas as assertivas I e IV estão corretas.

c) Apenas as assertivas II e V estão corretas.

d) Apenas as assertivas I, III, IV e V estão corretas.

e) Todas as assertivas estão corretas.

 

9. Considerando-se as regências do verbo “esquecer” prescritas para o português, estaria correta a seguinte reescrita para a oração “Já esqueci a língua”: Já esqueci da língua.

(    ) CERTO                     (    ) ERRADO

 

10.  Assinale a alternativa em que a regência está em conformidade com a norma-padrão.

a) Embora as nações aspirem cobertura universal de saúde, precisamos reconhecer de que ela ainda não chegou em todos os habitantes do planeta.

b) Embora as nações aspirem na cobertura universal de saúde, precisamos reconhecer de que ela ainda não chegou a todos os habitantes do planeta.

c) Embora as nações aspirem pela cobertura universal de saúde, precisamos reconhecer que ela ainda não chegou em todos os habitantes do planeta.

d) Embora as nações aspirem à cobertura universal de saúde, precisamos reconhecer que ela ainda não chegou a todos os habitantes do planeta.

e) Embora as nações aspirem por cobertura universal de saúde, precisamos reconhecer que ela ainda não chegou com todos os habitantes do planeta.

 

Gabarito

1. D   

2. E

3. C

4. ERRADO

5. CERTO

6. A

7. D

8. A

9. ERRADO

10. D


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